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não me peçam para andar
quando estiver parada
não me peçam para me deitar
quando estiver de pé.
nos ombros, um buraco de impossibilidades na entoação de inverno
e nos dias das esquinas... a lápide dos subúrbios encostada à minha porta.
estou cansada de todos os ditados escondidos,
em inóspitos fragmentos dobrados num silêncio
sem intenções que me tentam exprimir
na folha seca e subordinada.
quero ficar calada na insónia, constatar a água
e invocar outros portos sem gente opaca ou negras respirações.
ai estas horas silenciosas que me constroem a ausência!
tenho no estômago uma angustia química, armazenada na mais turbulenta náusea.
quero viver em todos os lados
e ter olhos em todas as coisas,
como se de repente toda a humanidade fosse um momento lógico
numa proa concreta e absoluta.
acordo com o suor a escorrer-me o corpo!
fui em tudo uma copa de razão,
um estreito criminoso
quando cometi o acto de tudo sentir.
fui em tudo o dobro das sensações....
a mais sincera das pobres opiniões.
esperei tantas coisas coisas reais....
gemi mais que todos os saltimbancos...
aguardei doente um alquimista que me tirasse o delírio.
e assim parto no barco da incontida inocência sem pudor
no vento que recomeça.
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