sexta-feira, 22 de outubro de 2010
DÓCIL NAUFRÁGIO
Salga-me a carne o mar que navego,
Caustica-me a alma o vento à deriva
E gaivotas gementes mergulham-me os olhos,
Perdidos na linha onde pesco horizontes...
E as vagas embalam-me,
E o barco é meu berço,
Entrego-me, esqueço...
Salpicam-me os olhos gotas de tormenta,
Fustiga-me a esperança a vela rasgada,
E os risos disformes das nuvens em ânsia
Agitam o ventre do silêncio incontido...
E as vagas embalam-me,
E o barco é meu berço,
Entrego-me, esqueço..
Cerra-me o círculo uma praia sem terra,
Atinge-me o golpe do naufrágio que mina
As areias dóceis do meu abandono,
E as gaivotas pousam, em preces aladas..
Aladas de branco,
Aladas de paz,
Que a espuma, de raiva, desfaz...
E as vagas embalam-me,
E o barco é meu berço,
Entrego-me, esqueço...
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3 comentários:
Que poema lindo!
Ritmo e imagens belíssimas...
Adorei isso:
"E as vagas embalam-me,
E o barco é meu berço,
Entrego-me, esqueço..."
Beijos
Teresa,
Belíssima a vaga poética da tua alma.
Beijinho
Nanda
Teresa , fossem todas as poesias como esta tua e Camões apresentar-se-ia na Corte para apresentar aos politicos uma nova era de "Armas E Barões assinalados" !
Beijos
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