sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Geografia



Amo-te tanto,
ó monte das minhas saias
estampado no prenhe azul
que se veste de alvas nuvens
vi-te hoje pela primeira vez
olhando-te de frente
e estás tão longe
que és intocável
quem diria!...
existes bem dentro dos meus olhos
ó tela do meu cérebro !
o teu dia sinónimo de luz
é uma viagem de muitas estradas
encruzilhadas
coração bombeando sangue...


Luiz Sommerville Junior , 311220101345

PS: Com este texto apresento a todos os elementos deste blog colectivo,
escritores, comentadores e leitores os meus votos de um Feliz Ano De 2011 .
Agradeço a honrosa gentileza que me concederam do fazer parte desta maravilhosa equipa.
Tudo de bom.
Sejam Felizes!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

SER DIFERENTE


SER DIFERENTE


Tens sido uma pedra no caminho das serpentes

Que por ti vão passando deixando a sua pestilência

Nem queres ser obstáculo, queres estar presente

Verdadeira e orgulhosa da tua plena coerência



Tu queres paz, queres identidade e muito amor

Queres o que todos querem, precisamente

Mas catalogaram-te, estendem-te o indicador

És isto e mais aquilo, açoitam-te mordazmente



Por ti me curvo, fascinada por fazeres a diferença

Por ficares à parte dos risos e da maledicência

E estares imunizada a toda e qualquer sentença



Coragem, ousadia, certeza… são rios no teu peito

Os sofrimentos que te infligem avivam-te a inocência

E olhas para as nuvens, altiva a todo o preconceito


Havia um tempo


(No cais - Lisboa)



Havia um tempo
Existia nos olhos cansados
De quem via e não ouvia
As melodias do vento

Os telhados cansados
Dos pingos de chuva
Entrelaçados nos meus dedos
As lágrimas pela calçada
Cristais nascidos dos temporais

Havia um tempo
Havia…mas não me via

A haver…
Será um menino
Que cairá nos meus braços
Será sempre um dia
Ou uma noite
Que na terra semeia
Um vulto
Um tornado
Chamado vida

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O menino cristal

Sempre que um menino nasce
dá-se o milagre da vida
Seja rico ou pobrezinho
não importa a condição
ou até a cor da pele
se em seu puro coração
a mensagem que nos traz
é de amor e de ternura

Não traz ódio, nem renacor
e desconhece o sentido
da cobiça e da inveja
Nunca ouviu falar em guerra
em fortuna muito menos

Vinde ver este menino!
Tão frágil, tão pequenino
envolto em lençois de linho
ou coberto pl'a luz da lua

Prostai-vos junto a seu berço
e aprendei com o anjinho
que Natal é o "menino"
que um dia já todos fomos

E hoje só é Natal...
porque o menino "Cristal"
traz consigo a esperança
de poder mudar o mundo!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Há um abraço para ti que te quero ofertar

Há um tempo do tempo
Que tenho para te dar

Há uma filhós que aloira
No seu suave fritar

Há uma réstia de esperança
Para uma vida de encantar

Há uma luz que nos prende
Para nesta época festejar

Há um amigo do peito
Que está connosco noutro lugar

Há a razão de um destino
Que procurámos alcançar

Há um sentido da vida
Que não queremos amordaçar

Há a fome que invade
E se tende a atiçar

Há um presente que espera
Pelo ávido desembrulhar

Há o sorriso da criança
Impossível de igualar

Há uma família compacta
Separada pelo processar

Há um abraço enorme
Que não conseguimos quantificar

Há uma estrela cadente
Que não pára de brilhar

Há um menino que nasce
Que veio ao mundo para nos salvar

Há tanta gente na Terra
Que não se consegue libertar

Há uma mente que pensa
A forma de elogiar

Há uma mão que cumprimenta
Não se querendo emocionar

Há um coração que saltita
Com a ânsia de poder amar

Há um amigo que espera
O momento de o abraçar

António MR Martins

2010.12.23 (Natal/2010)

Para todos os meus amigos

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

NATAL


A neve já cai nas serras.
Os caminhos estão fechados.
Os rostos se afogueiam nas brasas da lenha!
«Batem leve, levemente…» (Augusto Gil)!
O frio e a neve associam-se ao Natal,
Difícil imaginar um Natal com calor,
Com um mergulho no mar
Parece estar fora do contexto bíblico!
Para além de um conhecido limitado,
Não havia mais mundo,
Nem mundos…
Mas outros mundos foram descobertos…
O Novo Mundo surgiu e além deste outros mundos…
Ptolomeu, Copérnico, Kepler, Galileu, Newton…
A ciência derrubou mitos e místicas!..

A tolerância, a boa vontade, o amor, amor…
«O Natal é quando um homem quiser...» (Ary dos Santos)
E esse é que é o aspecto «religioso»
Da questão!
Não ser humanista por um dia
Ser humanista dia a dia!

Em criança,
Sentia a magia do Natal
A simplicidade
A mescla do frio/calor…
Agora já existem muitas perdas
E o calor se fez frio
E o frio se fez calor sintético!

O Natal é demasiado excessivo!
Está muito adulterado!..
Qual é o espírito do Natal?
O que devia ser?
Amor…
Há tantas promessas de amor
… e tão pouco amor há!
Vida artificial!
Fogueira de vaidades
Luz intensa
Que ofusca a luz natural!
De todas as formas ou de qualquer forma
Para todos um bom Natal!
Dezembro.2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nas Entrelinhas dos Dias


Desdobro os meus olhares
sem urgência
os gestos são tardios
talvez equivocados
flutuam numa rede
que balança
de uma tela de sentidos
atracados num cais de reticências

limpo o rio e o frio rasgados pelo vento
mordo o tempo fugidio
escrevo em páginas brancas
que suspendem na memória calendários consumados
nas entrelinhas dos dias

e em frente à nudez do verso
dói-me a mudez do espelho
tatuado em brumas visionárias
entrelaçadas em sombras
vestidas de pássaros e de silêncios.



Marialuz

TARDE QUIETA















Até o pássaro cessou o canto
Adormece na tarde quieta
No meu coração um silêncio agitado
Um desencanto
Que me aperta!
Meu pensamento perturbado.
Emoções reprimidas
Nos olhos uma ansia agreste
Deste Outono de tardes esquecidas
No restolhar das ideias, nenhuma que preste.

Tenho nas mãos o vento
No coração uma alegria inusitada,
da solidão retirada
Meu corpo, casa abandonada
No meio do desalento,
um triste contentamento,
pouco mais que nada.

Neste ritual diário
Desenboca meu olhar no vazio
Vou magicando a eternidade
O tempo como eu sombrio
E uma nostalgia profunda que me dá saudade.

Amargos anos calcorreando a vida
Encurtam  meus passos
Criança perdida
Sombra encolhida
Restam os traços.
Atravesso a tarde como um milagre
Nesta minha idade cansada!?
Uma chuva miúda me devolve a saudade
Deixo-me melancólica e ensimesmada..
Guardo as emoções no peito
Com a saudade me deito.

natalia nuno
rosafogo

Para todos...Poetas

Contenho-vos a todos
no sopro do peito
nos suspiros do meu olhar
nas vossas poesias
nos gestos de parceria
nos sorrisos sentidos
para lá dos vidros!
Nas palavras dobradas
em frases de incentivo,
nos momentos que em vós sinto
sem que o olhar vos possa tocar,
mas as emoções respiram baixinho!

Convosco amigos
deste caminho
destas sílabas trocada e cruzadas
de palavras férteis,
pulsações de poetas
que todos num uno
vestimos e despimos
em múltiplas formas
numa consonância plena
a sensibilidade (sem pena)
com a pena que nos grava os sentires.

Contenho-vos a todos
neste meu pobre poema
e no meu coração com a imensa
amizade e gratidão
que as minhas veias alcançam!


Com desejos de Feliz Natal
que o Novo Ano abrace as palavras
de todos em todos e com todos!


Ana Coelho

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Por fado tenho... (esse canto a que chamamos fado)


Por fado, tenho a memória ondulante
Do canto prolongando a dor pacífica
De um rio que beija em doce súplica
O mar que não chega a ser juzante.

Por fado, entendo o berço e o lamento
Musical, extensão da mão materna
Que o embala, ajuntando à voz tão terna
Uma canção que nina o próprio tempo.

Por FADO, tenho esta palavra nossa,
Que é mais que o "sentir falta" ou recordar,
Que é mais que o alheio sentir possa...

Fado não é mais que a tradução
Dos acordes que nos tangem, a sangrar,
A SAUDADE que nos vai no coração...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Desnuda de ti

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Desnuda de ti, estou!
Partiste sem nada dizer.
Deixaste-me as lembranças
do sentir…
dos beijos e abraços
dados, suados, molhados…
Delícias de momentos vividos…
Meu coração partiu…
Meu ser destruiu…
Minha alma caiu…
Sinto-me nua,
neste viver
de vida crua…
Partiste sem nada dizer…
Esqueceste o nosso viver…

sábado, 18 de dezembro de 2010

Mutação



Através dos meus olhos de lima-limão
Vejo a vida com olhar de esperança
Por vezes escurecem de desilusão
Castanhos aguardam dias de bonança
Se deixar que os sonhos neles permaneçam
Enchem-se de luz, brilho e clorofila
São raios de amor que ao sol se aquecem
Íris de afectos, erva e camomila
São espelhos de água pura e cristalina
que reflectem paz, fé e emoção
fonte onde sacio a alma de menina
arco íris livre, sempre em mutação

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

No palpebral do meu olhar















Há um murmurar dos ventos
nas folhas com que me abrigo
embebidas de neblina do tempo

Há uma espuma que vagueia
num silencio sombreado
das noites amanhecidas
nas mãos do próprio fado

E no palpebral do meu olhar
há um abraço que sinto
um amargor que beijo
no frio com que me pinto
no alvor das madrugadas

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quase Inverno



Deve ser o meu inicio do fim, aqui neste lugar ao sol, que já não sabe ser sol.

Nasci aqui porque me fizeram acreditar que viria bem ao centro da terra e subiria a tempo de me encontrar com todos os habitantes do céu. Nasci para me encontrar também com algumas periodicidades que me fazem acontecer, enquanto visito todos os lugares de um mundo que já havia esquecido. Assim, encontro-me tão a jeito de me fazer ir e vir, sem saber como sou lembrada e como sou esquecida por todos os enfeites de uma terra que se veste de branco e se tinge de negro, para que as estrelas sejam seus guias astrais.

Se por acaso me deixar cair num abismo onde guardei por décadas de fome, as minhas lembranças de quando era uma estrela sem norte, morarei então na catedral dos séquitos maiores, a sondar o inimaginável por cada sonho que perdi enquanto te procurava.
É quase Inverno, e o meu olhar é um tracejado vivo nas tuas mãos, que me levarão ao encontro de um verão quente a nascer nos teus olhos.
*******
Foto minha - foi ontem num dia de nevoeiro

terça-feira, 14 de dezembro de 2010



PAI

Como se fosse ontem
Num dia de névoa
Agarro a tua mão
Grande, aglutinadora
E de mão dada
Eu descubro
Pelos teus olhos
A multiplicidade
De os mistérios
Da cidade!

Cantos e recantos
Estátuas e museus
E inevitavelmente os jardins
Os jardins do meu contentamento
Com o saco do pão
Para os patos
Meu vivaz divertimento!

Todas as ruas
Tinham os seus casos
E tu sabias tanto!
De guerras, revoluções
De heróis e poltrões
Do povo combativo, sofredor
Realista e sonhador!..

Por ti amei o Porto
Bocado a bocado
Deslumbrada, surpreendida
Com a tua voz grave
De pedagogo da vida!
13.12.2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

EM CÉUS DE POBREZA















Ouço no silêncio da noite, um ruído seco
O vento roubou-me a voz.
Levou-a a alguma viela, algum beco
Da minha terra, da terra dos meus avós.
Por lá ficaram os pássaros de vigia
E eu menina de pés imersos
Esquecida da fadiga
Olhos sem medo, vazia a barriga
Colhendo o sol do dia,
Fazendo versos.

Fiozinhos da nascente
Orvalhados de limpidez
Por lá me fiz gente
Madura de suor e altivez.

Este ruído seco, não me sai da cabeça
Provoca-me e eu parto sem freio,
Antes que a memória amadureça
E me visite a escuridão
Eu volto sim, minha terra ao teu seio
Colher papoilas e pão.

Hoje é dia de vendaval
O vento roubou-me a voz
Sou resto de temporal
Menina , trança, tristeza
Desato da vida os nós
Já fui pássaro de leveza
Na terra dos meus avós.

Fico à escuta de tudo e de nada
Nesta minha ingenuidade
Trago a infância atravessada
Na chama desta saudade.

rosafogo
natalia nuno

Queda

Visto-me de chuva
tropical
quente o momento em que entras em mim
de___________vaga_r
onda sobressalto
salto alto____________________nave___g.a.r
profundo
o
olhar
translúcido
tríptico vitral.

Cais
de embarque
em mim
alma_________ sentidamente etérea
âncora férrea
casco
proa mastro banal
bandeira
virtual
mãos de riso
coração________preciso
bússola
batel.

Ensaio a________fuga
lume de cabelos ácidos
água mercurial
sa(n)grado o mergulho com que ascendo aos céus_________
____véus
de renda em nafta________

__________________o.f.e.r.e.c.e.s-me a tua boca de príncipe
________sorri(S)o orgulho magma
filme
nu
corpo
em
chaga.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nas teias do teu rasto



Procuro um rosto na multidão.
Uma luz que alumie as trevas.
Alguém que conheci noutras eras
mas de quem já não recordo o nome.

Procuro na margem dos rios
atento ao murmúrio das águas
e nos desolados caminhos de pedra
onde febril me perdi
sem encontrar sinal de ti.

Vim de muito longe.
Onde o fim da noite pulsa
nos confins profundos de uma vertigem
à deriva nos oceanos do tempo.

Já cruzei mil caminhos,
atravessei céus de luz e escuridão
esgravatando a imensidão do vazio
sem sequer cheirar teu perfume
ou o vulto da tua sombra fugidia.

Uma vida inteira não bastou
para achar as pegadas do teu rasto
afundadas nas ruínas chuvosas do pó
e nas rugas arrefecidas dos milénios.

Talvez não passes de uma ilusão
que o vento murmura à noite nos muros;
esboço inútil que rabisco
nos sonhos cegos que alimentam
a névoa triste da minha passagem.

ABRAÇO

abandonei-me ao teu abraço
fogo que nos condensou…
sem palavras …
abraço de embaraço!
as pessoa passavam
ouvia-as distantes
ruídos diluídos
no bater ruidoso do coração!
.
não sentia o solo
balançava no ar
sentidos girando
veloz carrossel,
que turvava a realidade…
os pesos...esquecidos!
.
ascendia às estrelas
apanhava a via láctea
e nesse percurso estelar
sentia-me desfalecer
cega pelos brilhos
cintilantes!
.
apertaste-me mais
as tuas mãos premiam
as minhas costas
eram sábias inquietas
com seus dedos de néctar!
cavalos selvagens
transpirantes
cúmplices de……
suspiros e interjeições!...
12.11.2010