sexta-feira, 9 de maio de 2025

 Espectro da morte


sintam como é lânguido o espectro da morte em redor do lume 

que sem o supor, a pariu 

e a desferiu 

rosácea pelas paredes nuas



os escribas atentavam contra as metáforas ali inscritas

o passado curvou-se a esse gingar do ventre 

o presente pende ainda de um lado para o outro, 

num jogo de cintura fina, 

tão fina quanto a voz que o criou 

e depois o abandonou


o futuro vingou-se ao escorrer-se pelas pernas

um tremor diferente do habitual:


- eram rimas incertas as palavras que ficaram por proferir

- eram maldizentes os lábios  a beijarem as sombras todas do tempo

- eram sonâmbulos os corpos estranhos, inspirados pelo  fogo 

crispado dos olhos


sintam agora como se afirma a fantástica alegoria às sombras 

quando esventradas pelo vento

e depois.....saibam como se processam, lançadas aos 

quatro ventos,


- nem sempre se igualam aos guardiões do tempo

- nem sempre têm a periodicidade das estações


mas sintam e pressintam como é fanática a sombra 

ao redor de vós...


Dakini(DM)

Sem comentários: