sábado, 19 de fevereiro de 2011

DENUNCIA

Não me importa do universo a grandeza
Tão pouco da Via Láctea a imensidão
Interessa-me das estrelas a singeleza
Do puro bom senso o galardão

Não me interessa do mundo a opulência
Se quer a ostensiva mansão
Toca-me sim a eloquência
Dos que falam a voz da razão

Não me quero pelos proventos aviltado
Ao pobre incapaz de dar a mão
Jamais pelo fausto esmagado
Mísero sentir o do meu coração

Detesto este mundo em que pelejo
E nele grassa a fome inclemente
Por muito que abra os olhos não cotejo
Ver do novo homem a semente

Abomino a rota que levamos
Os que deste tempo temos a herança
Por certo que bem caro pagamos
Em instalada e vã bonança

O que faz de mim intolerante
E me diz que o mundo não avança
É ver os olhos negros da negra fome
No labial tremular duma criança

De corruptos a nuvem transbordante
Levem-na os ventos para longe sem retorno
Não tenha mais oportunidade o meliante
De ver vir às suas mãos o vil suborno

Antonius

1 comentário:

Maria Luisa Adães disse...

Humanista e puro de razões expostas
e eu gosto e aceito!

Maria Luísa