hoje recolho-me com a lua
olho-me mais uma vez
no espelho das águas
e
pergunto ao barqueiro
onde deixou minhas mágoas
e meu coração
desgarrado,
volvendo assim olvidado...?
ah!...meu rosto não tem
nada
de excepcional,
mas a saudade ao olhar-me,
faz-me mal,
há quem
diga
que a face já foi beldade,
hoje resta a saudade,
da frescura e
mel da minha boca,
do coração á flor do peito,
nardo a florescer...idade
louca,
canteiro de amor perfeito
resta a saudade, até dos cardos
do
caminho
do sol ardente,
da sombra dolente,
hoje sou o reflexo de
alguém
na tarde que vai morrendo
e a noite aí vem...
hoje sou como
a voz do sino
que ecoa peregrino
como se lhe sobejasse a dor,
ou serei
sangue sem côr?
serei silêncio ou rumor?
trago a voz
adormecida
depois de tão largo tempo
e minha carne que era
florida
adormece sem lamento
Mas eu sei!
que já tive o que não mais
terei,
aquieto o cansaço dos dedos
hoje me recolho com a
lua
esqueço o sabor amargo
e os medos
e minha alma se
apazigua.
natalia nuno
rosafogo