Passam dias e dias …passam anos
Instantes que depressa deixam de ser
Com enganos e desenganos…
Seivas na penumbra a irromper…
A minha mente é uma biblioteca
Em caótica desordem alfabética
Pesada nos dias mais sombrios
Bafienta, desalinhada e hipotética…
Sítios…pessoas…cores e cheiros
Uma bicicleta…uma bola…um jardim
Uma bolsa de tabaco…um isqueiro…
Um busto esbelto de marfim…
Um cão apaixonado e rafeiro…
.
Como conseguir esquecer tudo?
A dissonante babel de sonoridade…
Como conseguir lembrar tudo?
Este caos de diversidade…
.
São gotas de água diluídas
Que se juntam numa poça…
Memórias vastas e poluídas
Filme «noir» que em mim roça…
Livros…casos…palavras…segredos…
Oscilações…entre o real e o onírico
Dia a dia de acaso e justaposição
Com muito de errático e de empírico…
Imagens granuladas de cores desbotadas
Casas de espaços moídos e mofados …
Com portas e janelas assaz afeiçoadas
Poeiras voadoras quentes de afecto
Sem contornos nos olhos cegos pela luz
No caminho de um devoluto sem trajecto…
Out.2011
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