terça-feira, 2 de abril de 2013

O mundo das formas



(Lá, onde a lua e o sol
Fazem acontecer
O mundo das formas
Eu estou)

Tão cheias as formas
Num perfil inventado
Um jeito multifacetado
Esse costume
Que também
É queixume
No fado cantado
E também chorado

(Lá, no universo
Das cores
A saber-me com graça
Eu vou)

Figuração d’ouro fino
No acabar dos andores
Que esteticamente consentem
E não desmentem
Quem sou
Nos frescos matinais
E nos remates
Das pias batismais

(Lá, no mundo
Da demanda
A cair na desgraça
Eu sou)

Na encruzilhada dos céus
Esse tom cinzelado
No azul
Fulgurado
Acalorado
Ruborizado

Reviravolta
Das cores
Dos amores
Das dores
Versando a disputa
Nas arcadas da praça
Pessoas em Pessoa
Poesia e chalaça
Abstratos e fatos
Na medida exata
Dum ato
Em relato

(Sou um retracto)

(Dolores Marques – Esfinges 2012)

2 comentários:

A. disse...

Muito, muito bom!... Não é fácil dizer tanto em tão curtos versos!...
Um grande retrato e um grande Poema!...

Abraço

irene alves disse...

Como sempre muito bom, amiga.
Bj.
Irene Alves