Um sótão de eternas velharias
guarda uma paisagem virada do avesso
as cores exíguas de uma sina exilada
sem porta nem janelas
por onde a claridade possa respirar
A aranha cerca os cantos da casa
corroendo a geometria das paredes
lado a lado com a poeira empilhada
onde numa lenta insónia colige
suas teias de fio de baba e alabastro
Sombras de uma luz esvaída
na intimidade oxidada da ruína
flores secas mirram à ponta da mesa
sobre a toalha enrugada
numa jarra branca de porcelana
3 comentários:
Uma caixa de empacotar "os velhos"
sem nada que se associe à sua
vida...e uma enorme solidão na
não-ternura.
Gostei deste poema, embora o que
retrata seja algo que não me
agrada.Deixou de haver respeito
pelos velhos.
Saudações
Irene Alves
É sem duvida um bonito poema, lembrei-me da musica da Mafalda Veiga "um velho sentado num jardim".
Triste fim o nosso...mas infelizmente é a maior solidão esta que nos aguarda, e mais penso que nada melhorará para os que atrás de nós virão.
Um assunto triste tratado com respeito pelo poema que gostei de ler.
Beijinho Runa
da rosa
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