sexta-feira, 4 de maio de 2012
Holocausto
Imagino o mar como um potencial destino dos deuses
Imagino sim, um mar prostrado a seus pés
Imagino como será esta força dominadora
E imagino simplesmente que sou onda sem ter onde rebentar
Respiro ainda, sim!
Aspiro um ar denso, poluído que se entranha
Nas entranhas todas do meu corpo
Sou onda sem ter o que abraçar
Sou maré sem ter onde se entregar
Sou simplesmente um movimento aberto a todos
Os que descem do farol mais antigo
Sim, a torre mestra que suporta um céu maior
Sim esse céu que foi mar e terra
Sim, esse céu que foi sol e lua
Sim, esse céu que foi o holocausto da humanidade
E a fez calar
Respiro ainda
Sim, e aspiro um ar salgado
moribundo
e furibundo por não saber onde se afundar
A extrema-unção dos vagabundos
Que na noite serena me namora nos dias santos
E me desflora nas noites errantes
Caminho só agora
e sou mar
e onda
e sol
e lua
e terra
Sem poiso certo
Suspensa na atmosfera densa
A extrema-unção dos vagabundos
É a chama acesa que incendeia os corpos lá fora
Lá, onde não há chão onde descansar
Lá onde a vida cessa sem cessar
Lá onde os caminhos se cruzam e delambidas bocas se
fecham sem se beijar
Lá, há todo um corrimão de línguas afiadas prontas para
me furar
Lá, onde os monstros choram e as lágrimas correm para
o mar
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário