I.
Leva o vento as palavras que não disse
Que pensei, que senti intensamente, mas não disse.
Adiantei-me ao tempo neste poema incompleto
Escrevi amor nas ruas, em todas as paredes
Esperando que percebesses os sinais, os meus ais
E a distância entre pensar, sentir e não dizer.
II.
Descreve-me os teus olhos quando o vento sopra
Mostra-me o que escondes no peito, os teus segredos
Revela-me, os teus íntimos desejos, porque desejo intimamente
Ser parte presente do teu corpo até ao fim do meu
E dizer-to para sempre.
III.
Perdi os teus passos e esgota-se a força dos meus dedos.
Cheguei tão tarde, com a chuva dos teus lagos secos
A terra quebrada e ventos que sopram do sul.
Ainda draguei os mares, perfurei o céu, aglomerei as nuvens
Mais o frio e o sentir que me trouxe aqui
Mas pensei demais, demorei-me demais
E os peixes já estavam mortos.
Descreve-me os teus olhos quando não me vêem
Sente o vento, as palavras que pensei, que senti imensamente
Mas não disse.
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