quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres que não desistem de amar


As últimas flores do verão
recolhem as pétalas frágeis
num regaço de terra macia,
dobram o tronco exausto
pela carícia de uma luz ardente
e se preparam, em silêncio,
para a melancolia do outono;
a longa carruagem do frio
a atravessar a sombra dos dias.

Não choram nem lamentam,
o pólen desvanecido
e o estio que se enreda no corpo;
não reclamam o vigor despido
pelas unhas agrestes do tempo,
nem murcham
com o sopro bafiento do inverno.

Descalças desenham no chão
o perfume de um horizonte futuro
e nos braços do vento flutuam
sem nunca desistir de sonhar,
sabendo que sempre existe
um oculto caminho de regresso
à primavera e aos braços do amor.

1 comentário:

Maria Gomes disse...

Muito lindo, eu gostei de ler, beijinhos amigo.