segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Galgo o asfalto


Galgo o asfalto vertiginosamente
como se quisesse planar o cosmos
Sinto o silêncio do meu pranto
resvalar suavemente
pelo meu rosto marejado
sedento de ti

Galgo mais e mais incessantemente
encurto o tempo, que o tempo me dá
e lá onde as ondas dançam
em vagas espumosas,
onde o horizonte é a paz
que me acalma,
encerro as pálpebras e voo
em nuvens solitárias
banhada pelo sol luzidio.

O vento docemente afaga-me
sussurrando brisas idílicas
desvendando segredos em mim
o meu corpo impetuoso relaxa
ao sabor da tua voz
à cadencia do teu sorriso
percutindo no imaginário recordado

A minha mente distancia-se
com o fervor de um pássaro audaz
livremente nas águas frias do oceano
sentindo o ardência de ti

Sacio a saudade insaciável
mitigo a vida que acontece
nesta distancia mensurável
deste diáfano sentir em mim

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

FURACÃO


Fui apanhada no meio do furacão???
Pois fui e…depois…?
Qual o problema?
Do meu chão pouco ficou???
Pois foi e…depois…?
Qual o problema?
Estou transformada???
Fiquei calada???
Pois foi e…depois…?
Carambas qual é o problema???
- Ficaste a vê-lo chegar e não fugiste
Pois não e…depois…?
Qual é o problema? Xiça
Eu vi o furacão chegar, numa tarde de Novembro
Ferrei os pés no chão e esperei para enfrentar
No centro entrei
Rodopiei e voltei a rodopiar
Bati em mentiras, não conseguia respirar
Tropecei em factos, ahhhh c’um raio mais parecia um cão a farejar
Vai e vem maluco no meio do rodopiar
A cabeça estava zonza de tanto equacionar
Caí no chão com um desembestado trambolhão
No passado fui buscar a gana da raiva
No passado fui buscar a raiva da garra para continuar
Estou cansada???
Naaaaaõ
Estou só …EXAUSTA
Aproveito esta espera do final do vento
Descanso igual a criança adormecida
Estou arranhada, estou ferida, fiquei amputada
Preciso de tempo e forças para erguer toda uma vida

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Sonho cristalino



Quando fecho os olhos
Sinto o silêncio da tua alma no meu corpo
E a brisa fresca da noite gela-me os sentidos
Perco a noção da vida, esqueço-me de viver.
A madrugada leva-me longe,
Longe do mundo e da saudade,
Dos gritos frios da monotonia.
Quanta calma, quanta paz
Abraça o meu cansaço
E despe de mim as roupas da nostalgia
Lá longe não sei aonde, aonde tudo é cristalino
Como as águas que nascem no horizonte.
Os desejos são eternos e as vontades mendigam
São como a luz de quem não vê e os olhos
Que tudo invejam
Quando fecho os olhos, não durmo, viajo
Para lá da eternidade...
Conceição Bernardino

SEDE DO SILÊNCIO...

Sonho que sou sonâmbulo...
num mundo desconhecido...
percorro caminhos abissais...
percursos em que acordado deambulo...
percursos que em teu olhar nunca são iguais...
preciso calar esta revolução sonora...
Realidade do presente...
sonho de outrora...
Queimar esta fogueira com gelo em mim...
Caminhar descalço sobre fogo em ti...
Povoar meu deserto...
minhas ideias te chegam faseadas...
Ditas, mas mal argumentadas...
és o meu "monstro"...
minha divagação instantânea...
Eu para ti apenas um leve sopro...
Que te causa apenas breve erupção cutânea...
Meu toque é uma dádiva em silêncio...
Teu natal efémero...
Meu nascimento tardio...
Sozinho num velho casebre...
Sem progenitores...
Parido para o mundo que meu propósito não me serve...
Ao longe se afastam em penumbra ténue...
Minha alma existe desde o início dos tempos...
Tua alma que chama...
Exala sentimentos...
Meu corpo persiste...
Meu olhar insiste...
Num raio de sol que em riste me encosta a uma decadente parede...
Sem defesa me agacho...
Em ventre me transformo...
Acordo na noite...
Onde me disformo...
Acordo para ti...
Num circo sem rede...
Acordo para mim...
Teu silêncio de sede...
Darkrainbow